Cinco possíveis falhas que resultaram na morte de um escrivão dentro da delegacia no Ceará

Antes de qualquer coisa, um lembrete: o objetivo deste texto não é “meramente apontar erros”, e sim atentarmos para situações que podem acontecer com qualquer um de nós. Como somos um site em grande medida destinado a pessoas que querem ser policiais um dia, é importante que esse público comece a se familiarizar com episódios trágicos.

Repetindo: pode acontecer com qualquer um de nós.

Era por volta das 2h da madrugada desta sexta-feira, dia 30 abril. A delegacia de Tauá, interior do Ceará, recebeu um flagrante com dois homens suspeitos de tráfico de drogas. Em algum momento, um dos presos tomou a arma do escrivão Aluísio Alves Lima, 60 anos, matou o policial e fugiu. Tudo isso mesmo estando a-l-g-e-m-a-d-o, conforme publica a imprensa cearense.

Listamos, então, cinco possíveis falhas que podem ter sido decisivas para a morte do policial.

1 – Com as mãos para frente

Pelo que se publica, o preso estava algemado com as mãos para frente, o que não é recomendável. Claro que cada caso tem suas características específicas, mas de um modo geral, o procedimento mais seguro é algemar o preso com as mãos para trás. E ficar sempre de olho nele.

2 – Policial sozinho

Não bastasse o posicionamento das mãos do detido, o escrivão estava sozinho na sala com os dois presos, na madrugada de uma cidade ‘vazia’. É claro que não sabemos os detalhes ainda não publicados até o momento (se o efetivo da delegacia era insuficiente; se os demais policiais estavam fazendo outra atividade; se havia mais policiais na sala e, por um único instante, o escrivão ficou sozinho; etc.), mas, de fato, nunca devemos deixar um policial sozinho numa sala com um suspeito de crime violento. Imagine com dois…

3 – Arma na mesa?

Ainda não vimos nenhuma publicação informar se a arma do escrivão estava em cima de seu birô. Mas vez por outra, ‘nós’ relaxamos também nesse quesito e acabamos por deixar a arma longe do seu habitat natural, que é o coldre. Numa dessas, a pessoa presa dá o bote na pistola, e o estrago está feito.

4 – O tipo de coldre

A arma poderia até estar no seu devido lugar. Mas dependendo do tipo de coldre usado, ela fica perigosamente exposta, quando o policial está muito próximo de um eventual criminoso. Nesses casos, quanto mais o policial se aproxima de alguém (e vice-versa), mais ele deve posicionar sua mão sobre a arma, de modo a protegê-la de uma investida.

5 – “O costume que mata”

É provável que este mesmo cenário – dois presos algemados com as mãos para frente sendo ouvidos por um único policial – tenha se repetido por inúmeras vezes ao longo da vida de Aluísio Lima. Aliás, devido a uma série de fatores bem conhecidos pelos agentes de segurança, o dia-a-dia policial quase sempre é ‘obrigado’ a ignorar os protocolos de procedimento. Isso acaba criando um ‘costume’, até se transformar em tragédia.

Como dissemos, a ideia aqui não é meramente “apontar o dedo”. Na verdade, somente os policiais envolvidos na situação sabem como tudo aconteceu. Mas tragédias como essa devem ser ‘exploradas’ (no bom sentido, claro), para que casos semelhantes sejam evitados ao máximo.  

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