SÃO JOÃO 2025 | Furtos e roubos de celulares no Parque do Povo representam apenas 0,03% das pessoas que foram à festa

Há quem diga que a análise mais justa em um estudo estatístico é aquela realizada com base em números percentuais. Por exemplo: se a Paraíba (4 milhões de habitantes) e São Paulo (45 milhões de habitantes) apresentam o mesmo número de homicídios, é claro que São Paulo é um estado bem mais seguro, porque sua população é bem maior. Já quando os dois estados apresentam a mesma taxa de violência – 10 crimes a cada grupo de 100 mil habitantes, por exemplo –, aí ambos estão no mesmo patamar de segurança/violência.

Por esse prisma, aferir um cenário qualquer baseando-se apenas em valores absolutos pode revelar conclusões distantes da realidade que se busca. E uma boa reflexão para isso é o número de furtos e roubos de celulares registrados no Parque do Povo, durante os 38 dias de festas juninas este ano, em Campina Grande.

De acordo com os dados apresentados pela Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Sesds), a Polícia Civil catalogou 864 registros de roubos e furtos de telefones naquele local de festa, durante os 38 dias. Pode parecer algo preocupante, se atentarmos apenas para o número ‘864’.

Porém, segundo informações da prefeitura de Campina Grande, nesses mesmos 38 dias de festejos passaram pelo Parque do Povo algo em torno de 3,23 milhões de pessoas. É muita gente, a ponto de 864 vítimas não representarem quase nada (matematicamente falando).

Na visão mais realista oferecida pelo poder da porcentagem, pode-se dizer que apenas 0,03% das pessoas que foram ao Parque do Povo este ano tiveram seus celulares furtados/roubados. É quase nada.

Muito ou pouco?

É claro que avaliar se 0,03% é pouco ou muito vai depender também de outros fatores. Se estivéssemos falando de homicídios, por exemplo, seria uma verdadeira tragédia o registro de 864 (0,03% do público total) mortes no ‘PP’. Idem para o roubo/furto de 864 veículos nos estacionamentos que rodeiam a área.

No entanto, para quem recebe R$ 3,23 milhões de salário todo mês, perder R$ 864,00 numa festa faz alguma falta? Se um prefeito, governador ou presidente da República inventasse de anunciar 0,03% de aumento salarial para os servidores, ele seria ou não motivo de chacota nacional?

Se fosse ‘homicídio’, seria trágico porque estamos falando de vidas. Se fossem ‘veículos’, nem tanto; mas carros e motos não são tão fáceis de se levar como um telefone de bobeira num bolso esquecido ou nas mãos expostas de alguém embalado pela música e, não raro, pelo álcool ingerido sem moderação.

O objeto em foco (celular) facilita; a aglomeração de pessoas facilita; o comportamento da vítima facilita; as circunstâncias de cada crime facilitam. São esses e outros aspectos que irão dizer se 0,03% é muito ou pouco.