As 277 prisões realizadas pela Polícia Civil no município de Bayeux/PB de janeiro/2025 até hoje (25 de novembro/2025) despertam para reflexões interessantes. A primeira delas é a constatação de que, em um ano normal, existem 52 sábados e 52 domingos. O restante é o que conhecemos por 261 dias de semana. Logo, pelos dados estatísticos da 4ª Delegacia Seccional de Polícia Civil (4ª DSPC), os policias ali lotados realizaram, em média, prisões todo santo dia útil. E ainda sobrou um ‘troco’ para os feriados.
Das 277 prisões, 183 foram por força de mandados judiciais, em sua maior parte fruto das investigações das próprias equipes da 4ª DSPC. Os outros 94 capturados foram presos em flagrante delito. Nessas ações, os policiais apreenderam 30 armas de fogo, 616 munições, 170 quilos de entorpecentes e outros objetos/materiais anexados aos inquéritos.
Relação presos x população
Bayeux é o quinto município mais populoso da Paraíba – com cerca de 84 mil habitantes –, o que nos permite outro cálculo: com essas 277 prisões feitas pela PC somente nesses 11 meses de 2025, em cada grupo de 303 habitantes na cidade, um deles foi preso pela PC. Um em cada 303 moradores.
Quer afunilar esse dado?
Então tentemos visualizar 277 prisões de pessoas do sexo masculino, entre 18 e 45 anos de idade, o perfil que, segundo estudos nacionais, representa 92% dos presos no Brasil. Dos 84 mil habitantes de Bayeux, em torno de 20 mil são homens de 20 a 44 anos de idade.
E assim, se pudermos considerar essas 277 prisões em Bayeux de homens com essa faixa etária – ou seja, o perfil de quase a totalidade dos presos no país –, é correto afirmar que para cada grupo de 72 bayeuxenses nessa faixa etária, um foi preso pela PCPB nesses 11 meses de 2025.

Ciência para a segurança
Análise estatística é uma ferramenta imprescindível porque nos mostra vários cenários de um mesmo problema. No caso de Bayeux, por exemplo, os números expostos podem apontar um local com grande incidência de violência (cujas causas são variadas), como podem, também, evidenciar uma polícia investigativa que não para de trabalhar.
O fato é que pode faltar qualquer coisa em Bayeux; exceto repressão qualificada. Uma cidade onde todo santo dia útil – e com direito a ‘troco’ nos feriados – a Polícia Civil está batendo em alguma porta para cumprir mandados judiciais e/ou realizar prisões em flagrante não tem respaldo científico para reclamar de ausência de investigação.
Cientificamente falando, em Bayeux pode faltar educação para um perfil específico de jovens; pode faltar emprego para parcela do povo; a degradação familiar pode afetar boa parte daquelas casas; e assim como ocorre em todo o Brasil, determinados aspectos da lei penal brasileira são inúteis também para a população bayeuxense.
Mas – cientificamente falando – Polícia Civil não falta naquela cidade.
