Sob determinado ponto de observação, podemos comparar a atividade policial investigativa com o atendimento em enfermarias de hospitais: a equipe médica sai de leito em leito observando o estado dos pacientes, ministrando as medicações para cada caso, tomando as respectivas decisões que acharem necessário. O desfecho da história de cada enfermo vai depender de uma série de fatores.
Assim é o trabalho do Investigador Criminal. Os policiais civis não ‘grudam’ em um único caso específico até o fim das investigações. Os crimes se avolumam nas delegacias, e todos eles são analisados quase que simultaneamente, como um enfermeiro que verifica a prancheta/prontuário de todos os seus pacientes, todos os dias, em visita à ala lotada.
Se, pela manhã, uma equipe policial sai às ruas para entregar intimações a vítimas, testemunhas ou suspeitos de uma tentativa de homicídio, por exemplo, à tarde os mesmos policiais estarão prendendo um acusado de estupro que estava sendo investigado há meses. Casos totalmente distintos e sem nenhuma correlação.
Isso ocorre porque investigar crimes significa “a busca da verdade real”. E isso dá trabalho. Assim, iniciar a investigação do segundo crime somente quando a do primeiro for totalmente concluída seria um caos. Aliás, uma quantidade considerável de delitos simplesmente fica sem solução, mesmo depois de anos sendo investigados.
Ministério da Justiça
Sobre esse assunto, o Ministério da Justiça fez a seguinte explanação, em relatório divulgado há alguns anos:
Os policiais que trabalham nessas unidades [unidades generalistas de investigação] não seguem necessariamente uma ordem de casos a serem investigados. Frequentemente, os investigadores desenvolvem atividades relacionadas a vários casos simultaneamente. Isso notadamente afeta seu desempenho.
Unidades Generalistas de Investigação seriam o que em muitos estados nós conhecemos por ‘Delegacias Distritais’, bases da Polícia Civil espalhadas pelos bairros e com o foco no registro de ocorrências em geral. Diferem, portanto, das Delegacias Especializadas, que, como o próprio nome já diz, dedicam-se a investigar crimes conforme sua especialidade: Homicídios, Repressão a Entorpecentes, Roubos e Furtos, Antissequestro, Delegacia da Mulher, Delegacia do Idoso, etc.